RADIOCOMUNICAÇÃO

A radiocomunicação é uma das formas mais antigas e confiáveis de transmissão de informações, sem fio, sendo um dos pilares fundamentais da comunicação em larga escala (Broadcast). Desde a sua invenção no final do século XIX, essa tecnologia evoluiu imensamente, acompanhando o desenvolvimento de novos recursos e sistemas que atenderam às necessidades de diferentes setores da sociedade. Este artigo aborda o impacto da rádio comunicação em várias áreas da vida cotidiana, sua importância histórica, e como ela continua relevante no contexto atual.

 

HISTÓRIA

A história da radiocomunicação remonta a 1831 quando Michel Faraday descobriu a indução magnética. Cinquenta e dois anos depois Henrich Rudolf Hertz conseguiu criar faíscas utilizando dois fios de cobre separados, dando início ao princípio da comunicação sem fio.

Em 1892, o físico italiano Guglielmo Marconi, fez as primeiras transmissões sem fio. Marconi foi pioneiro na utilização das ondas de rádio para a comunicação à distância, fato que revolucionou as formas de interagir em tempos de guerra, comércio, e comunicação pessoal.

Já a primeira transmissão oficial no Brasil, só foi realizada no dia 07 de setembro de 1922.

Entretanto a evolução do rádio nunca mais parou. Desde os primeiros experimentos de transmissão, ela se expandiu para incluir diferentes tipos de tecnologia e usos. Nos dias de hoje, a radiocomunicação não se limita apenas à transmissão de sons. Ela também envolve a troca de dados e informações por meio de frequências que são utilizadas para diversos fins, como comunicações militares, comerciais e de emergência.

A evolução das tecnologias de rádio, como o rádio digital, ampliou enormemente o alcance e as possibilidades dessa forma de comunicação, hoje existem várias tecnologias como Mandown, GPS, IS, Criptografia avançada entre outras, que já vem embarcadas em alguns modelos de rádio, tornando o seu uso indispensável em alguns segmentos.

 

COMPONENTES

Para que a comunicação via rádio funcione corretamente, é necessário que em dois pontos distintos existam conjuntos de equipamentos que, quando combinados, formam o dispositivo que conhecemos como rádio comunicador. Apesar de parecer um único aparelho, ele é, na verdade, composto por várias partes fundamentais:

– Microfone: Responsável por captar a voz do usuário e transforma-la em sinal elétrico.

– Alto-falantes: Responsável por capturar o sinal elétrico e transformá-lo em ondas sonoras.

Transmissor / Receptor: Principais componentes do sistema, transformam os sinais elétricos em sinais eletromagnéticos e vice e versa.

Fonte de energia: Fornece a energia elétrica necessária para que o sinal eletromagnético seja gerado e transmitido. Pode ser alimentado por uma fonte de energia ligada a uma tomada ou por baterias.

Antena: Responsável por dispersar e captar sinais eletromagnéticos do ar, sendo fundamental para que a comunicação seja transmitida com a maior eficiência possível.

 

PRINCIPAIS SEGMENTOS

Em muitas partes do mundo, as rádios ainda desempenham um papel central na comunicação, oferecendo uma conexão direta e instantânea mesmo à distância.

Um dos setores mais importantes que depende da radiocomunicação é o de segurança, seja ela militar, governamental, civil ou privada, pois quando acontece algum desastre natural, as infraestruturas de comunicação convencionais, como torres de celulares e ou telefonia fixa, muitas vezes falham, tornando impossível a troca de informações em tempo real. Nesse cenário, as rádios comunicadores, tornam-se uma ferramenta crucial para coordenar operações diversas, uma vez que se utilizam de uma força da natureza para continuar se comunicando.

Outro setor vital que depende fortemente de comunicação é o industrial. Durante as operações de colaboradores, a capacidade de se comunicar em grupos, de forma rápida e eficiente pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma linha de produção. A rádio comunicação é essencial para a coordenação de equipes, o controle de equipamentos e para garantir a segurança das operações.

Outro exemplo notável está no setor de transporte. A comunicação por rádio é essencial para os pilotos de aeronaves, marinheiros de navios e motoristas de veículos de transporte, garantindo que possam se comunicar com centros de controle, torres de comando e outros profissionais para garantir a segurança e eficiência das operações. Além disso, a rádio é utilizada por empresas de logística para coordenar frotas de veículos e rastrear a localização de mercadorias, otimizando rotas, reduzindo custos e aumentando a produtividade.

 

TOPOLOGIAS

Os sistemas de radiocomunicação podem se comunicar de forma direta, também conhecida como comunicação ponto a ponto. Ou podem se utilizar de estações repetidoras para ampliar a área de cobertura. Com a evolução das radiocomunicações, hoje é possível inclusive interligar repetidoras pela internet, tornando global o alcance dos sistemas.

Segue abaixo uma breve descrição dos principais tipos de radiocomunicadores de uso profissional:

– Portátil: De menor tamanho e alimentado por bateria, permite que seja facilmente transportado por uma pessoa, facilitando a comunicação onde quer vá. Possui alcance limitado, uma vez sua potência não pode ultrapassar parâmetros pré-estabelecidos, para que não afetem a saúde do operador.

– Móvel: Construído para ser instalado em veículos, é alimentado pela bateria destes. Possui potência e alcance intermediário, uma vez que a antena fica um pouco mais distante do operador.

– Fixo: Para ser usado no mesmo local, normalmente alimentado por uma fonte ligada a rede elétrica, possui maior alcance e potência, uma vez que sua antena fica instalada em área externa mais distante do operador.

-Repetidor: Tem o objetivo de replicar o sinal recebido de outros radiocomunicadores aumentado assim a cobertura do sistema. Existem em potencias e alcance variados, a depender da necessidade do sistema. Normalmente instalado em torres de transmissão em um ponto central e livre de obstáculos.

Com o avanço da tecnologia hoje é possível inclusive empilhar repetidoras no mesmo site e com isso tornar seus canais de comunicações dinâmicos, recurso conhecido como Troncalização do sistema. Este recurso praticamente dobra a capacidade de canais de comunicação do sistema.

 

INOVAÇÕES

A transição dos rádios analógicos para os rádios digitais, trouxeram várias melhorias, incluindo maior qualidade de som, menor interferência e a possibilidade de transmissão de dados adicionais. Agora mais sofisticados, além da transmissão de dados, permitem o uso de frequências criptografadas e o monitoramento das comunicações em tempo real, garantindo assim a continuidade de uma comunicação segura, mesmo em ambientes remotos ou em áreas de risco.

Com o avanço tecnológico, novos recursos foram incorporados aos rádios, tornando-os ainda mais versáteis. Atualmente, esses aparelhos oferecem muito mais do que apenas comunicação por voz, proporcionando recursos como:

– GPS integrado: Permite localizar rádios e seus usuários em qualquer lugar do mundo, garantindo maior segurança e rastreamento preciso das equipes.

Location Indoor: Versão alternativa ao GPS que possibilita a localização dos rádios, por Bluetooth mesmo em ambientes fechados, onde normalmente não se tem sinal de GPS.

Alerta de homem caído: Sensores integrados ao rádio portátil detectam quedas de colaboradores e enviam alertas automáticos para mobilização de socorro rápido e eficiente.

Integração com outras redes: Os rádios modernos podem ser integrados a outras redes de comunicação que utilizam dados, como redes de Wi-Fi e redes telefônicas, possibilitando a comunicação direta com outros telefones, Notebook´s, PC´s e Tablet´s.

Acionamento remoto: Alguns rádios podem ser usados para acionar portões, máquinas, sirenes e outros dispositivos remotamente.

– Recebimento de alertas de alarmes e sensores: Permite o recebimento diretamente no rádio de qualquer alerta proveniente de sensores diversos.

Envio de ordens de serviço: Alguns rádios podem ser utilizados para transmitir instruções e ordens de serviço em tempo real, como por exemplo check-lists operacionais, possibilitando o apontamento das atividades diretamente no rádio, e transmitindo os relatórios automaticamente para tratamento do sistema via radiofrequência.

 

REGULAMENTAÇÃO

Como o espectro de radiofrequência é um recurso finito, é necessário organizar o seu uso, para melhor aproveitamento deste recurso. No Brasil o órgão responsável por fiscalizar e organizar o uso do espectro de rádio frequência é a agencia do Governo ANATEL. Qualquer uso de equipamentos de radiocomunicação por radiofrequência deve passar pelo crivo da ANATEL. Como este assunto é muito específico segue abaixo uma breve explicação sobre os termos:

– Homologação de equipamentos:   Todo equipamento deve conter o selo de homologação da ANATEL antes de ser comercializado. O processo de homologação de equipamentos normalmente é feito pelos próprios fabricantes ou importadores destes equipamentos.

Não é raro encontrarmos no mercado brasileiro falsificação destes selos. Logo a única maneira de averiguar a veracidade da homologação é consultando o número do selo no site da ANATEL.

– Licença para uso de radiocomunicadores: É o documento emitido pela ANATEL que vai indicar quais frequências que foram liberadas para sua utilização. É pessoal e intransferível, tendo inclusive o endereço onde é permitida a utilização das frequências licenciadas. Dar entrada em um projeto de licenciamento junto a ANATEL é uma tarefa muito específica, a qual é recomendada a contratação de um engenheiro especializado.

 – Taxas de uso de radiofrequência: Com nomes como TFI, TFF, PPDUR, CFRP, PPDES entre outras, são taxas que ANATEL cobra sobre o uso de radiofrequência. Algumas são cobradas somente quando se dá entrada em um projeto de licenciamento, outras são cobradas anualmente enquanto se estiver utilizando os equipamentos.

– Aluguel de Licenças: Cuidado! Como explanado acima, licenças são pessoais e intrasferíveis. Portanto licenças não podem ser emprestadas. Porém existem licenças especiais para que empresas que trabalham com locação de radiocomunicadores, possam alugar equipamentos já licenciados. Estas são licenças do tipo SLE (Serviço Limitado Especializado).

A ANATEL efetua fiscalizações in-loco para averiguação da regularidade no uso de radiofrequência. Caso seja detectada irregularidades, o usuário poderá ser multado, ter os seus equipamentos apreendidos e até mesmo preso, a depender da gravidade da infração.

 

CONCLUSÃO

Embora a radiocomunicação tenha se mostrado resiliente e se adaptado bem às novas tecnologias, ela enfrenta desafios no mundo moderno. O rádio se reinventou, adicionando novas tecnologias e integrando-se cada vez mais com as necessidades para se manter relevante. No campo da tecnologia expandiu seu alcance para áreas como Internet das Coisas (IoT) e redes 5G, onde as ondas de rádio são essenciais para a comunicação entre dispositivos conectados e a troca de dados em tempo real.

A radiocomunicação tem uma longa história e continua a desempenhar um papel crucial na sociedade moderna. Embora tenha se adaptado às mudanças tecnológicas e enfrentado desafios com o advento de novas formas de comunicação, ela continua relevante, especialmente nos setores de emergência, transporte e segurança. Além disso, com as inovações contínuas, o rádio tem um futuro promissor, integrando-se cada vez mais ao ecossistema digital e explorando novas formas de comunicação.

A radiocomunicação é, sem dúvida, uma ferramenta indispensável e uma parte essencial do nosso cotidiano, seja em situações de crise, nas nossas atividades profissionais ou no simples ato de entretenimento.


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